December 29, 2009

Bom Ano Mucas!

Desrespeitando todas as regras desta casa absurda, salto a ordem cronológica e deste lado do oceano mando um abraço gigante em directo à minha Mucas.

Saudades das fronteiras europeias...

Passar uma fronteira na America do Sul significa duas horas mais de viagem.

Fila interminável. Carimbo. Revistam as malas, mesmo que muito superficialmente. Revistam o bus. Não podemos passar nem com uma laranja! Segue-se no bus ou a pé. Voltamos a parar uns kilometros à frente, ja no lado de la. Fila interminavel. Carimbo. Voltam a revistar tudo, com sorte mais rapidamente.

Sem sabermos, aqui nos despedimos do Chile, numa longa espera no meio dos Andes. Um acidente na estrada com duas vias deteve-nos por 5 horas. Salvou-nos o facto de os autocarros chilenos passarem filmes. Vários. E a paisagem. Passámos pelo segundo mais alto pico do mundo: Aconcagua.

Santiago

As espectativas eram baixas. Foram superadas.

Santiago é uma cidade para viver, não para visitar.

Na Piojeira, bar super local bebe-se um Terramoto, cerveja com gelado de ananas. Também há a réplica, versão mais pequena. Os mercados são tão imbativeis como interminaveis. As verduras e frutas tem outra cor. Nos ''Cafes com Pernas" (de mulheres) bebemos uma bica finalmente.

Na ultima tarde, prontas para seguirmos rumos diferentes, conhecemos a Pincel na cabeca e o Victor. Deambulamos que nem verdadeiros hippies, e terminamos numa fiesta de pizza em casa da Sara, amiga de Portugal que nos mostrou a verdadeira capital chilena.

December 22, 2009

A Isla de Neruda!

Depois de visitarmos a casa de Neruda em Valparaiso, ficamos com vontade de conhecer mais um recanto do poeta. A casa da Isla Negra, onde se passa o famoso "Carteiro de Pablo Neruda", não e isla nenhuma. O nome provém da vista que tem, por fazer lembrar uma Isla Negra algures na Asia. Esta era a sua casa preferida. Facilmente percebemos porque. é uma casa inspirada num barco, com tectos baixos, passagens estreitas e soalho de madeira. Neruda viveu aqui com a sua terceira mulher, Matilde Urrutia.

Neftalí Ricardo Reyes Basoalto era uma pessoa especial. Bom vivã. Colecionador de tudo: garrafas, mapas, conchas... Atento a pormenores, proporcionava momentos de festa a quem o rodeava e cuidava muito bem dos seus espacos. Cada recanto das suas casas era especial, tinha uma história. Dizia que a água tinha outro sabor quando bebida em copos traslucidos de cor. Organizava jantares em que cada convidado tinha um prato confeccionado justamente para si, com nome e tudo.

Como muitas vezes nos tem acontecido, cruzamo-nos com o inesperado. Neste caso sob a forma de casa/barco em terra firme. O projecto Nave Imaginaria merece uma nota. Um chileno que tem vindo a construir a sua casa como se fosse um barco. Não ha janelas, há escoltilhas. Toda o visitante é bem vindo. Um Neruda imaginário.

Valpo po! :)

Valparaiso faz lembrar Lisboa, mas com 42 cerros, e bem maiores. No continente das plantas ortagonais, este canto repleto de becos, ruelas e escadas é um bicho raro. As cores e o carisma da cidade despertam em qualquer um os dotes para a fotografia. A atmosfera citadina cria a vontade de ficar mais um dia. Mesmo depois de alguns contratempos, este lugar será sempre especial. O nome diz tudo.

Vende-se de tudo nas ruas. Come-se dois cachorros e uma bebida por pouco mais de um euro.

Conhecemos a Marta, uma senhora chilena, no voo Madrid-Buenos Aires. Com a sua célebre frase: "Es su sueño" ajudou a Mucas a ir ao cockpit de um 747. Dona de um restaurante/espaco cultural em Valpo, recebeu-nos como amigas de longa data e, mais uma vez, foi facil sentirmo-nos em casa.

"Quedamo-nos" em casa do Mauricio e da sua crew... Muy buena onda. Dancamos e cantamos reggaeton e outros sons bem tipicos por estas bandas. O humor chileno conquistou-nos. Foi também aqui que descobrimos que comem palta (abacate) com simplesmente tudo.

As eleicoes estavam a porta. Nunca vimos tanto lixo publicitário.

Neruda apaixonou-se por Valparaíso, nós apaixonamo-nos por ambos.

December 6, 2009

Pelas ruas de Valparaíso

Chilenismos, cachai?

- Oie hueon, vamos a carretear o non?
- Si, pero tengo hambre hueon, antes tengo que comer un completo o un churrasco a la italiana...
- Dale. Entonces voy a buscar mi polola y su amiga choro.
- No hueon, que venga la amiga quatica que es mas guapa, cachai?

- Hey, vamos beber uns copos?
- Sim, mas tenho fome, tenho de comer um cachorro ou um prego com abacate e maionese.
- Ok. Entao vou buscar a minha miuda e a sua amiga mitra.
- Nao, traz antes a amiga personagem que e mais gira, ‘tás a ver?

Nota de autor: A palabra hueon é intraduzivel. Sera um equivalente ao grego “Malaca” e ao “Tio” espanhol.

O verdadeiro fim do mundo

Antes de chegarmos a zona de Santiago do Chile, queriamos visitar a costa. Voltar a ver o Pacifico. Escolhemos Buchupureo (Buchu que?). Por nenhuma razao em especial. Porque sim.

Ficamos uma noite em Chillan, por ser a unica cidade na ruta Panamericana que fazia a ligacao. Dizem que as cores que usamos deixam escapar o nosso estrangeirismo, mas apesar de nos sentirmos bichos raros, foi bom passar por uma cidade real, onde nao ha turistas e tudo é feito para as pessoas que la habitam.

O livro guia esqueceu-se de referir que em Buchupureo nao há nada. Ou melhor, ha um restaurante, um supermercado, meia duzia de casas e vacas. A praia é gigante e linda. Tao inacessivel que a tivemos so para nos a tarde toda. A Mucas apanhou um escaldao do lado esquerdo da cara. Quem a manda dormir de lado.

Adoramos sinais chilenos!

Parque Nacional Villarica

Pucón é um pouco mais a norte de Puerto Varas, ao pé do Parque Nacional Villarica. A paisagem nao e muito distinta, mas é bem mais turistico. E so hosteis, restaurantes e agencias de turismo. Parecia uma estancia europeia. Bendita época baixa. Ficamos no hostel "La bicicleta", cujos donos sao um casal novissimo com dois filhotes super amorosos. Sentimo-nos mesmo em casa.

Tal como em Puerto Varas, também aqui se faz todo o tipo de desportos nauticos e de neve. Tambem há inumeros vulcoes e lagos. (Sim, nunca vimos tantos lagos na vida como neste continente!) Mais uma vez a metereologia nao ajudou. Resolvemos alugar um carro por um dia e "recorrer" o que conseguissemos. Acompanhadas pelo Robinson Crusoe em pessoa, fomos as termas Los Pozones. Depois de um dia cheio de chuva, soube-nos que nem ginjas banharmo-nos nas calientes aguas termais com uma garrafa de vinho na mao.

La poesia es un atentado celeste

Yo estoy ausente pero en el fondo de esta ausencia
Hay la espera de mí mismo
Y esta espera es otro modo de presencia
La espera de mi retorno
Yo estoy en otros objetos
Ando en viaje dando un poco de mi vida
A ciertos árboles y a ciertas piedras
Que me han esperado muchos años

Se cansaron de esperarme y se sentaron

Yo no estoy y estoy
Estoy ausente y estoy presente en estado de espera
Ellos querrían mi lenguaje para expresarse
Y yo querría el de ellos para expresarlos
He aquí el equívoco el atroz equívoco

Angustioso lamentable
Me voy adentrando en estas plantas
Voy dejando mis ropas
Se me van cayendo las carnes
Y mi esqueleto se va revistiendo de cortezas
Me estoy haciendo árbol
Cuántas cosas me he ido convirtiendo en
[otras cosas...

Es doloroso y lleno de ternura

Podría dar un grito pero se espantaría la transubstanciación
Hay que guardar silencio Esperar en silencio

De Últimos poemas, 1948
Vicente Huidobro (Poeta Chileno)

A cidade dos leoes marinhos!

Valdívia foi uma paragem de um dia. As vezes sabe bem. Para nao passar o dia a viajar e para conhecer mais um lugar.

Encantou-nos por 3 razoes.

1. Pela localizacao geografica: na confluecia de dois rios cujas margens sao bem verdes.
2. Pelo cafe/bar/restaurante "La ultima fronteira": dos sitios com mais pinta onde ja estivemos, muy buena onda mesmo, onde tudo é bom, desde a sopa à musica.
3. E por fim pelos leoes marinhos mesmo junto ao porto. Algo impressionante. Imaginem Belém com leoes marinhos. É igual. Ficamos largas dezenas de minutos a observar o seu comportamento a 1 metro de nos. Fazem mais barulho do que movimentos. Sempre a refilarem uns com os outros. O seu maior esforco diario e saltar do rio para a margem dele. Ah, e cocar a barriga!


Siempre con un perro.


Puerto Varas


Voltamos a regiao dos lagos, mas desta vez do lado chileno, a cerca de 100km de Bariloche, onde ja estivemos.

Puerto Varas é a cidade ideal para explorar esta zona repleta de lagos e vulcoes (Osorno e Cabulco)... desde que esteja bom tempo! Apanhamos chuva e nevoeiro todos os dias. Chegamos mesmo a duvidar da existencia de uma paisagem assim tao maravilhosa como os postais apregoavam.

Mesmo assim la conseguimos fazer algo marcante. Canyoning! Seguir o percurso de um rio nadando, escorregando e saltando pelas rochas. Terminou com a descida em rappel, acompanhando uma cascata de 34m (a Bucas é uma cagona!) seguido por um salto livre de 8 metros. Lindo. Foi brutal... e desgastante! As fotos nao ilustram a adrenalina da coisa. Espreitem aqui, os espanhois que estavam connosco tinham uma maquina croma.


Depois foi só relaxar. No melhor hostel onde já estivemos - Casa Margouya. Alta boa onda. Bem colorido! Obrigatorio para quem pernoita por Puerto Varas.

Conhecemos o Rodrigo e os seus amigos que se encarregaram de nos mostrar outro lado do Chile. Uma casinha brutal com vista para o lago, boa companhia, boas discusoes, filmes e musica.

Foi bom... mas vamos ter de voltar. O vulcao faz questao disso.